CRIME: JUÍZA DIZ QUE PAI TEVE PACIÊNCIA DESMEDIDA COM EX-NAMORADO. (NA)

Ana Joaquina Carriço saiu ontem em defesa do pai que está a ser julgado por homicídio do advogado Cláudio Rio Mendes no desfecho trágico da visita de 5 de Fevereiro de 2011, em Oliveira do Bairro.

No terceiro e último dia de depoimento no tribunal de Anadia, a filha, respondendo ao advogado de defesa, Celso Cruzeiro, atribuiu o ato à “imprevisibilidade” do falecido a partir de Janeiro de 2010 quando destruiu “o jipe” do arguido numa festa em casa do irmão Celso Mendes, em Santa Maria da Feira, pretensamente insatisfeito por não o deixarem despedir-se da filha.

O pai, contou Ana Joaquina, “quis ajudar” ao sugerir tratamento médico ou acolhendo a vítima no grupo de amigos como forma de acautelar “interferências “na relação” com a filha do casal “e até a perigosidade”, devido às atitudes alegadamente violentas do ex-companheiro causadas por suposta “doença” do foro mental. “O meu pai incomodou-me, porque estava magoada com o Cláudio. Mas era a atitude correta, de pacificação, a bem da Adriana”, recordou a juíza.

A mediação não surtiu o efeito desejado. “Muito agastado”, Ferreira da Silva “suportava” também alegadas injúrias e ameaças feitas pelo advogado portuense (uma, em 2009, pretensamente de morte) mas “progressivamente foi ficando abatido e preocupado”. É encontrado “a chorar e soluçar” e confessa que não sabia o que mais fazer. “O meu pai teve uma paciência desmedida”, declarou.

Ana Joaquina completou o cenário de alguém desesperado ainda com a recordação do “ar de profundo sofrimento”, como nunca vira, após os disparos fatais.

A juíza assumiria ontem, a questão colocada pelo advogado da família da vitima, disponibilidade para retomar o programa de visitas dos avós paternos que não voltaram a estar com a neta após a assassínio. Isso apesar de os acusar de evitarem contactos, preferindo novo processo judicial para garantir acesso à criança. “Não havia necessidade”, lamentou.

Uma tentativa no consultório da psicóloga contratada por Ana Joaquina gorou-se por alegada recusa da menina em ver “os avós do Porto”. Seria levada do local “a chorar”, disse a mãe.

A juíza continua a aceitar visitas, “desde que se cumpra religiosamente” o acordado, ou seja parecer favorável da técnica (o que não acontece desde o último encontro) que foi ouvida ontem como testemunha de defesa. “Havia uma negação total da existência do pai, algo muito angustiante, fugia do assunto”, disse Ana Roxinha, relacionando aquela imagem com os conflitos parentais.

No tribunal foi ouvido o psiquiatra Jorge Moniz, que atendeu, em consultas, o arguido e a filha, a pedido do primeiro por estar preocupando com o degradar da relação de Ana Joaquina com o ex-namorado. Cláudio Rio Mendes não fica satisfeito ao ser retratado num relatório do clínico em autos judiciais e acaba por fazer queixa à Ordem dos Médicos.

Interrogado pelo juiz presidente, o psiquiatra não estabeleceu uma relação directa do estado depressivo do falecido ou das patologias clínicas diagnosticadas (paranóia e perturbação de personalidade) com crescentes dificuldades em visitar a filha de que se queixava junto dos mais próximos.

Fonte: NotíciasdeAveiro

Crime: Juíza diz que pai teve paciência desmedida com ex-namorado
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