ANTÓNIO SIMÕES NA MEALHADA

Numa iniciativa da Escola Profissional Vasconcellos Lebre António Simões, director geral da Benfica SAD esteve na Mealhada Manuel Zappa Na sequência do ciclo de palestras, levadas a efeito pela Escola Profissional Vasconcellos Lebre (EPVL), da Mealhada, António Simões, director geral da Benfica SAD, esteve presente no Auditório daquela escola, no passado dia 24 de Abril, a fim de falar do seu passado como futebolista, presente e futuro do seu clube e do futebol português. Uma lição de vida. Foi deste modo que José Manuel Portugal, jornalista da SIC, que moderou o debate para uma plateia repleta de jovens, classificou esta grande iniciativa da EPVL e do seu director, João Pega. Por motivos profissionais, António Simões chegou à Mealhada com um ligeiro atraso, que seria aproveitado para José Manuel Portugal, Coordenador de Informação para a Região Centro da SIC e também professor de jornalismo, elucidar todos os presentes do mundo da magia que constitui nos dias de hoje a televisão e daquilo que todos nós ouvimos e vemos através da caixa mágica. O jornalista lembrou que “vivemos na civilização da imagem”, não deixando, por outro lado, de aflorar uma certa “ditadura das audiências”, como por exemplo aconteceu com o funeral da Princesa Diana, tudo por causa dos interesses televisivos e, sobretudo, das audiências. José Manuel Portugal também não deixou de deixar uma mensagem a todos os jovens alunos, presentes no Auditório da EPVL: “Vocês devem ver televisão, mas devem fazer as vossas escolhas. Noventa e oito por cento da informação chega-vos através da televisão e sou defensor de que devia haver uma disciplina para os média/escola”. A VIOLÊNCIA VERBAL DOS DIRIGENTES António Simões, nas décadas de 60, 70 e 80, foi um jogador de eleição, não só ao serviço do seu clube do coração, o Benfica, mas também da Selecção Nacional. Quando, aos 15 anos, iniciou a sua prática desportiva, pensou ser sempre igual a si próprio, embora tenha tido como grande ídolo Albano, do Sporting. Hoje, segundo transmitiu aos jovens, as referências não são essas e os jovens seguem outros exemplos, estando na primeira linha de pensamento Luís Figo e outras vedetas da moda. Simões contou que, no seu tempo de estudante, sentia alguma vocação para a matemática: “Quem sabe se não fosse jogador de futebol, não dava um bom professor de matemática”, questionou-se a si próprio. Antes de responder às questões do moderador José Manuel Portugal e também dos alunos, António Simões começou por dizer que “o futebol tem uma importância enorme na sociedade, na economia, na mentalidade das pessoas e seu comportamento. Tenho tido esse comportamento, dado que sinto que sou respeitado porque nunca entrei em excessos”. Sem perder o fio à meada, o ex-magriço disse que “o nosso povo é mais clubista do que nacionalista e daí advem o tal excesso. O futebol tem provocado que as pessoas não sejam tão boas como deviam”. Foi então que surgiu a primeira pergunta do jornalista da SIC. O que de melhor o futebol lhe deu? António Simões aflorou: “ajudou-me a crescer mais rápido do que era suposto ser no meu tempo, nos anos sessenta. Independentemente de jogar num clube grande como o Benfica, de me divertir, fiquei mais humano. Estou bem, tenho uma vida equilibrada, graças ao futebol”. Foi então que António Simões lançou algumas farpas ao modus vivendi do futebol: “As pessoas conhecidas tornam-se modelos para com a sociedade. Algumas das pessoas que estão no futebol não prestam. Aquilo que mais me incomoda é a violência verbal nos dirigentes de certos clubes. O seu comportamento ético é alterado e, por vezes, dizem-se autênticos disparates na comunicação social. O seu estatuto desaparece por completo”, opinou o director geral da Benfica SAD, acrescentando que “tenho grande esperança que esta nova geração saiba aproveitar outra forma de estar e consiga alterar a situação actual”. BENFICA RECUPEROU A CREDIBILIDADE Da plateia saltaram as primeiras perguntas dos alunos. Se Jankauskas e Simão iriam continuar; a falta de um Tribunal Desportivo e Vale e Azevedo. Sobre a primeira pergunta, António Simões garantiu que o Benfica estava a fazer um esforço enorme para manter a estrutura da equipa: “O nosso grande objectivo é assegurar o núcleo duro, que seja o suporte da continuidade, porque o Benfica não pode continuar a ser um entreposto de jogadores. Actualmente, o clube tem dirigentes à altura e recuperou a sua credibilidade”. Sobre o Tribunal Desportivo que possa punir os árbitros em vez de frequentemente punir (Liga Profissional de Clubes) os jogadores, o dirigente encarnado adiantou que “em Portugal não se cultivam as regras, engana-se o outro. Penso que devia haver um caderno de regras éticas, mais profissional e de comportamento, assim como uma responsabilização maior do futebol português”. No que concerne a Vale e Azevedo, António Simões desde cedo e no pouco tempo de convivência com o anterior presidente, avançou que ele tinha uma grande tendência para mentir: “Quando foi condenado, foi um dia triste para a história do Benfica. Vale e Azevedo não é um bom exemplo para todos nós e também para vocês, que são jovens”. Encerrado este capítulo, José Manuel Portugal, perguntou se a mística do Benfica tem sido construída da melhor maneira, isto indo ao encontro de nos últimos anos o Benfica nada ganhar. António Simões respondeu que os grandes clubes passam por crises como a do Benfica: “Muitas das vezes o problema é de quem dirige. Mais que o sucesso é a falta de credibilidade. Neste momento, o Benfica tem gente séria à sua frente e conseguiu de novo reaver a credibilidade”. No cômputo geral, foi uma palestra bem sucedida e foi, no fundo, uma grande lição de vida para todos os jovens presentes, ficando a promessa do director da EPVL, de que outras iniciativas se seguirão. (3 Mai / 11:31)
Diário de Aveiro


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