A direção do Beira-Mar afirma-se tranquila e consciente da posição tomada de reconhecer Majid Pishyar como acionista maioritário da SAD em cumprimento da deliberação do julgamento do procedimento cautelar a propósito do arrolamento de ações. O presidente adjunto do clube explica que não havia outra forma de repor a legalidade numa sociedade anónima desportiva que vivia à margem das regras por não ter administradores nem revisor oficial de contas.
“Desse julgamento saiu uma sentença que confirma a primeira decisão do arrolamento e dá oposição ao procedimento cautelar como improcedente e legitima novamente a 32 Group como titular das ações da SAD. Perante sentenças judiciais que confirmam a titularidade das ações da 32 Group e estando perante uma situação de irregularidade dos órgãos sociais, a direção do Beira-Mar não podia ficar de braços cruzados permitindo que tudo continuasse como está sem tomar uma posição no sentido de repor a legalidade. Temos consciência da legalidade e da legitimidade das decisões tomadas”.
Ontem estavam pendentes na conservatória do registo comercial os pedidos de registo de duas administrações em simultâneo. Um quadro que poderá manter alguma indefinição nos próximos dias.
Nuno Quintaneiro sublinha a necessidade de assumir a decisão do Tribunal sobre o procedimento cautelar a bem do futuro da marca Beira-Mar. E nem a ação principal demove os dirigentes que falam em intervenção de carácter urgente.
“A par do procedimento cautelar existe uma ação principal para legitimar esse procedimento cautelar e essa decisão, naturalmente, poderá prejudicar esse procedimento cautelar mas isso pode demorar meses ou anos. Até à decisão do processo principal, o que é decidido pelo procedimento cautelar é o que está em vigor. Há uma decisão judicial. Não há margem para dúvidas que o exercício da titularidade das ações neste momento só pode ser exercido pela 32 Group”.
Para a gestão de Omar Scafuro fica a recomendação de que tenha capacidade para se sentar à mesa das negociações e debater o futuro da SAD sob pena de assumir atos que não são legítimos. “Todo e qualquer ato praticado pelo senhor Omar Scafuro depois da renúncia de António Regala e António Cruz é nulo. E dando a ação principal razão à 32 Group também poderá ser arguida a nulidade dos atos”.
Sabe-se que Omar Scafuro vai contestar a destituição e a Assembleia de Acionistas que determinou a mudança. Colocou uma providência cautelar para suspender a execução das deliberações da assembleia de acionistas que coloca o poder nas mãos de Majid Pishyar, Amin Pishyar e Carlos Pereira. O italiano pretende declarar nulas as decisões tomadas na Assembleia.
O presidente adjunto vê como clara a “reposição da legalidade” e anuncia o regresso da família Pishyar como resposta dentro desse quadro de legalidade.
“No final dos seis meses há compromisso firmado de nos sentamos à mesa para avaliar a gestão. Se houver condições para isso, o clube nomeará o seu administrador. Neste momento há uma situação de contingente fiscal, com dívidas à segurança social e ao fisco de mais de um milhão de euros, situação que implica responsabilidade criminal e patrimonial dos administradores. A direção do clube, em situação minoritária, não queria expor ninguém a uma situação dessas. A preocupação era garantir que a SAD volta a ter órgãos sociais válidos e regulares e acautelar os termos da gestão nos próximos seis meses. Será uma gestão acompanhada ela direção do clube”.
Quintaneiro lamentou a tensão criada na terça-feira, no estádio, e o tom usado por Scafuro que falou em quadrilha a tomar de assalto a SAD e que falou em palhaçada e palhaços. O presidente adjunto do Beira-Mar lembra que a titularidade da SAD, por Pishyar, e a influência de Sacfuro, na sociedade criada para os passes dos atletas, obriga as partes a um entendimento em nome dos objetivos da equipa.
“Se houver entendimento de todos os intervenientes é possível a SAD seguir uma vida de forma pacífica e ter uma gestão que a credibilize. É preciso que as pessoas percebam que isto também é do clube. Diz-se que Scafuro terá passes de alguns jogadores noutras entidades mas a 32 Group é titular das ações. Neste quadro, todas as partes, seja clube, SAD ou Scafuro, são parte interessada no sucesso da SAD. Têm que ter capacidade de diálogo. Não podem é julgar que têm algo que não têm e fazer propaganda para fazer passar imagem de leviandade à direção do Clube. A direção do clube não admite que se passe um atestado de incapacidade”. Diário de Aveiro |