VAGOS: MISERICÓRDIA CONTINUA A SONHAR AOS 55 ANOS

No balanço de 2014, destaque para a Santa Casa da Misericórdia, que comemorou em dezembro o 55º aniversário. A IPSS de Vagos existe desde 1959. Continua a trabalhar, fruto das parcerias/protocolos que mantém, com organismos estatais, em prol da franja social que revela maiores fragilidades sócio económicas. Instituição de mérito foi, durante mais de mais de meio século, visitada por alguns governantes, incluindo um primeiro-ministro, como se dá conta no trabalho de pesquisa, em jeito de memória, que a seguir reproduzimos.
Em setembro de 1980, por exemplo, coube ao então secretário de Estado da Segurança Social, Bagão Félix, inaugurar o Infantário. Alda Santos Victor era presidente da câmara, João Carlos Regalado o provedor, sendo a nova infraestrura benzida pelo arciprestre de Vagos, padre Carvalho e Silva. O governante admitia, nessa altura, que o país estava “longe de possuir um mínimo de proteção, no campo social”. E lembrava que a justiça social não devia ser “mensagem panfleária”, uma vez que “se existe é para se praticar, para se cumprir”.
Anos mais tarde, em 1984, seria a vez de Leonor Beleza, titular da mesma pasta, inaugurar o Centro de Dia para a Terceira Idade. Foi benzido pelo bispo de Aveiro, D. Manuel Almeida Trindade, na presença, entre outros, de Gilberto Madail, governador civil, e João Rocha, presidente da câmara.
Em pleno cavaquismo, Silva Peneda, ministro do Emprego e Segurança Social, inaugurou, em Fevereiro de 1991, o Lar da Terceira Idade. O governante seria generoso, depois de ouvir o rol de carências, enunciadas pelo provedor, Paulo Gravato. No seu discurso, depois de lembrar que o apoio do governo é “firme, mas discreto”, anunciou a atribuição de um subsídio extraordinário, no valor de cinco mil contos, para a obra que acabara de inaugurar.
Em 2005, Vagos fez parte do roteiro do ministro da Segurança Social, Fernando Negrão, que em janeiro aqui inaugurou duas novas valências, Centro de Medicina e Reabilitação Física e Lar para Jovens em Risco. Na presença do então bispo de Aveiro, D. António Marcelino, o ministro destacou o papel das misericórdias, em particular na área da saúde, tendo-se mostrado surpreendido pela “coragem desta instituição querer instalar aqui valências deste nível”.
A iniciativa “Governo Presente” trouxe José Sócrates à Santa Casa da Misericórdia, em fevereiro de 2009. O antigo primeiro-ministro vinha observar, no ano em que a IPSS de Vagos completava meio século, as duas mais recentes valências – a Creche e o Centro de Acolhimento Temporário (CAT) para jovens raparigas em risco. Deixou uma palavra, de coragem: “Estamos muito orgulhosos de vós e do vosso trabalho, que queremos apresentar com um bom exemplo para o país”. E outra, de esperança: “Com este trabalho diário, em prol da solidariedade humana, do companheirismo e entreajuda, é que a coesão do país se torna uma realidade”.
Ainda em 2009, mas em dezembro, coube ao vaguense Óscar Gaspar, então secretário de Estado da Saúde, presidir à cerimónia festiva dos 50 anos da instituição. Descerrou a placa comemorativa e confirmou a aprovação da candidatura para a construção de uma unidade de cuidados continuados de média duração e manutenção, no âmbito da segunda fase do Programa Modelar. A referida infra-estrutura, com um custo de 1,5 milhões de euros, receberia a comparticipação de 750 mil euros do Estado. Infelizmente, a obra nunca passou do papel.
Eduardo Jaques
Colaborador


Diário de Aveiro


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