REVIVER A FAINA DO MOLIÇO NO XVIII FESTIVAL DE FOLCLORE

Grupo Folclórico de Santo António de Vagos Reviver a faina do moliço no XVIII Festival de Folclore O Grupo Folclórico de Santo António de Vagos vai realizar o seu XVIII Festival de Folclore, no próximo dia 11 de Agosto (domingo), através do qual pretende reviver a faina do moliço. O moliço é uma alga que, até há cerca de quarenta anos, era arrancada às águas da ria de Aveiro, pelos braços fortes dos moliceiros, com a ajuda do enorme ancinho de dentes de madeira. Era assim a faina do moliço, aos domingos à tarde. Rapazes e homens (os moliceiros) juntavam-se no cais das Folsas Novas (situado num braço da ria de Aveiro, conhecido por rio Boco, entre Vagos e Quintã) e partiam nos bonitos moliceiros (barcos) que, ria acima, deslizavam nas águas calmas até à região da Murtosa e de Ovar. Durante a semana, recolhiam a preciosa alga da ria (o moliço), carregando os braços que, navegando, ria abaixo, com as suas enormes velas brancas, ao sabor do vento, regressavam, já no final da semana, ao cais das Folsas Novas, emprestando ao local uma azáfama diferente: eram carros de bois possantes, que vindos de toda a região gandareza (situada entre Vagos, Mira, Febres, Cantanhede - poente, Montemor-o-Velho, Tocha e Figueira da Foz), desciam as ruas íngremes do cais, para aí, após o leilão do moliço, “rematarem”, por bom preço, aquela preciosa alga. Depois, era ver o esforço dos bois a puxarem, o carro carregado, por difíceis caminhos de pedra, de barro, de areias e de lama. O moliço foi, durante muitos anos, o adubo natural com que os lavradores fertilizaram não só as areias do concelho de Vagos, mas também toda a região gandareza, transformando os extensos areais estéreis nos terrenos produtivos que hoje temos. Se, actualmente, os barcos moliceiros constituem apenas o ex-libris turístico da ria de Aveiro, não podemos esquecer toda a importância que, outrora, tiveram na economia do concelho de Vagos e de toda a região gandareza (desde a construção dos barcos - na Gândara - zona sul do concelho de Vagos, passando pela recolha do moliço, até à sua venda, mas, sobretudo, pela transformação de terrenos estéreis em campos produtivos que constituíram o modo de subsistência do povo desta região). Com o reviver da faina do moliço, pretende o Grupo Folcórico de Santo António de Vagos, não só lembrar todo o modus vivendi do povo desta região, mas também alertar as entidades competentes para a necessidade de preservar a ria de Aveiro, de modo a devoler-lhe todo o bulício, que em tempos já teve. E por que não recuperar o cais das Folsas Novas? A beleza idílica do local, a memória do trabalho árduo dos nosso avoengos, decerto o mereceria. XVIII Festival de Folclore “Moliceiro 2002” O XVIII Festival de Folclore “Moliceiro 2002”, a realizar no próximo dia 11, terá o seguinte programa: 10h30 - Chegada dos grupos folclóricos; 11h00 - Missa; 12h00 - Desfile de grupos folclóricos; 13h00 - Almoço; 14h30 - Deslocação para o local de embarque, (junto ao restaurante “Barqueiro” e à ponte da Vista Alegre, na Gafanha da Boavista); 15h00 - Desfile de barcos moliceiros; 16h30 - Desembarque no cais das Folsas Novas, em Quintã (Vagos); Leilão de moliço; Actuação dos seguintes grupos: Grupo Folclórico de Santo António de Vagos, Grupo Folclórico Etnográfico de Vila Nova à Coelheira, Rancho Folclórico de Santa Eulália de Lamelas, Grupo Regional de Danças e Cantares do Mondego e Associación Cultural Ledícia (Espanha). Haverá um almoço oferecido às entidades oficiais, à comunicação social e aos grupos folclóricos, que será servido, pelas 13 horas, na Casa dos Arcos, em Quintã, Vagos (junto às escolas). Rosa Augusta Domingues (2 Ago / 10:41)
Diário de Aveiro


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