GRUPO DE JOVENS DÁ CARTAS NA ARTE DE REPRESENTAR

Na freguesia de Vila Nova de Monsarros (concelho de Anadia), existe um grupo de jovens, todos da terra, que começa a dar cartas na arte de bem representar. O grupo, que é composto por cerca de 20 jovens, com idades compreendidas entre os 16 e os 22 anos, dá vida ao Grupo Artístico e Cultural “Ultimatum” que, pela primeira vez, no próximo sábado, dia 20, pelas 22 horas, vai representar fora de casa, no Clube de Ancas, dando assim início a mais um importante passo na vida do grupo que tem já quatro anos de vida.

Sobre a “vida” deste invulgar grupo de jovens, JB conversou com o “veterano” Paulo Jorge Duarte, que está no grupo deste a sua criação.

Forma salutar de ocupar os tempos livres dos jovens

“Ultimatum” tem já quatro anos de vida e a sua primeira actuação ocorreu no ano de 2000, em Vila Nova de Monsarros, num espectáculo realizado a favor das obras do Centro Social daquela freguesia.

Na altura, os elementos que integravam grupo, eram ainda mais jovens - tinham15/16 anos - mas, apesar disso, sabiam bem o que pretendiam fazer. Embora frequentassem o liceu, este unido grupo de amigos de Vila Nova de Monsarros entusiasmou-se com a iniciativa de levar a palco um pequeno teatro de revista e sátira a favor das obras do Centro Social que avançavam, a muito custo, na freguesia.

De lá para cá, a actividade do grupo nunca mais parou e começa a prometer vir a ser um caso sério de sucesso na arte amadora da representação teatral.

A JB Paulo Jorge, um dos “veteranos”, que está no grupo desde o seu início, avançou tratar-se de um “grupo amador, compostos exclusivamente por jovens estudantes do ensino secundário e universitário (apenas dois elementos já não estudam)”, reconhecendo ainda neste grupo “uma forma salutar de ocupar os tempos livres dos jovens da terra”, dando vida “a um grupo cultural que, nos seus espectáculos, dança, canta representa e efectua ainda desfiles de moda”.

A sátira está também sempre presente e faz parte dos quadros que levam a cena, criticando aspectos da terra, pessoas, famílias e situações que vão sendo adaptadas de acordo com as situações e os momentos.

Embora os recursos financeiros sejam quase inexistentes - uma vez que não se encontra ainda legalizado - o grupo vai sobrevivendo graças às receitas provenientes dos espectáculos que realizam entre portas, cantar dos Reis e à carolice de todos os elementos que o integram.

Os ensaios decorrem duas vezes por semana (sextas e sábados), nas instalações da Associação Desportiva e Cultural de Vila Nova de Monsarros e Paulo Jorge reconhece a dificuldade em conciliar os estudos, com as épocas de exames, com ensaios e saídas à noite. Uma situação que tem levado a que alguns elementos vão abandonando o grupo, mas ao mesmo tempo permitindo que sangue novo entre: “estamos abertos a todos os jovens que queiram connosco estar”. Mesmo assim, reconhece que “pelo teatro abdicamos das saídas para discotecas e bares, pois os ensaios, ao fim de semana, são os únicos momentos em que podemos todos estar reunidos e estudar novas situações”.

Uma pequena mas unida família

A JB este responsável avançou também a realização de ensaios com 12 crianças (meninas) que efectuam no espectáculo uma dança. Um grupo que nasceu da escola primária e que permanece muito activo, apesar da sua tenra idade.

Daí defender que “o grupo não é mais do que uma pequena, mas unida família, de jovens de ambos os sexos que, para além de gostar de representar, encontra nesta arte uma forma de dar a conhecer a sua criatividade”, já que desde os textos das peças, passando pelo guarda-roupa, maquilhagem até aos cenários - tudo é feito pelos jovens em conjunto.

“Recorremos às coisas que temos e depois adaptamos as roupas a cada situação”, explicou Paulo Jorge agradecendo, em matéria do guarda-roupa, à ajuda de costureiras da terra e à professora Isabel Malheiro.

Principal ajuda vem dos pais

Não existe uma direcção, pois todos, em conjunto, definem o que é melhor, quais as prioridades e os objectivos do “Ultimatum”.

O maior investimento, e o mais recente, prendeu-se com a aquisição de equipamento áudio e iluminação e, um dia mais tarde, Paulo Jorge admitiu que, “o grupo gostava de vir a ter um equipamento de som só seu e um meio de transporte, já que “temos de agradecer todo o apoio que os nossos pais nos têm dado. Sem eles nada disto seria possível. Agradecemos a sua paciência e dedicação. O resto, vamos tentando comprar, pouco a pouco, de acordo com as disponibilidades financeira do grupo”.

A JB fez um balanço francamente positivo da actividade do grupo que sempre que representa em Vila Nova de Monsarros tem a casa cheia, contando mesmo com a presença de muitas pessoas de fora.

A primeira prova de fogo para o grupo teve lugar no último ano, aquando da actuação em Anadia, no espectáculo do concurso dos Vestidos de Chita, onde fizeram uma sátira aos próprios Vestidos de Chita.

Futuro: Crescer e realizar mais e melhores espectáculos

Quanto ao futuro reconhece que ele passa “por continuar a saber conciliar melhor as coisas por forma a fazer o grupo crescer”, admitindo ainda que “a realização de mais espectáculos, noutras freguesias do concelho seria uma outra forma de dar a conhecer o que um grupo de jovens pode fazer em termos artísticos e culturais”, ainda que limitados pelos parcos recursos financeiros.

Para este responsável, não restam dúvidas que o facto de “começarmos a ser conhecidos e a existirem convites significa que o nosso trabalho começa a ser reconhecido e que começam a dar algum valor e crédito ao que fazemos, para além de ser extremamente gratificante”, já que, como concluiria “o que fazemos é fruto de muito trabalho, dedicação e força de vontade”.

Espectáculo no Clube de Ancas

Agora, no próximo sábado, terão mais uma prova de fogo - enorme - já que terão a primeira saída para fora da terra, onde serão responsáveis por um espectáculo no Clube de Ancas, pelas 22 horas.

O espectáculo terá uma duração de 2.30 horas. “O Diabo, o Anjo e a Máfia” é o tema da peça onde o público poderá assistir a uma entrevista com o anjo e o diabo, a um desfile de moda, a danças, a uma sátira à noite de núpcias e aos anchenses, a cantigas com piada de ligação entre os vários quadros entre muitos outros momentos que prometem muita diversão e gargalhadas.

Catarina Cerca
Diário de Aveiro



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