O MANIFESTO DEVERÁ REUNIR ALGUNS MILHARES DE ASSINATURAS

As recentes notícias, vindas a público, sobre a “Proposta da Rede de Urgências”, elaborada por uma Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências, e o facto das Urgências do Hospital Distrital de Anadia integrarem a lista dos 14 serviços de Urgência que deverão encerrar, durante o ano de 2007, levaram já as gentes do concelho de Anadia a unirem-se num movimento cívico contra o eventual encerramento deste serviço em Anadia, considerado “necessário e imprescindível.”

A JB Maria do Carmo Matos, uma das principais mentoras deste movimento cívico, formado no passado dia 21 de Outubro, explicou como tudo começou: “quando fomos confrontados com a notícia, ouvimos dizer que estaria a ser organizado um movimento cívico. Isto já lá vão umas três semanas. Esperámos e nada. Foi aí que decidimos avançar.”

Este impasse, esta aparente tranquilidade e apatia face ao que tem vindo a público em vários órgãos de comunicação social foram, sem dúvida, o motor de arranque, a alavanca que levou um grupo de anadienses a tomar a liderança deste processo, que já começou a dar os seus frutos.

“Consegui reunir um grupo de conhecidos no passado dia 21, pelas 18.30 horas, na Misericórdia de Anadia, com vista a fazer alguma coisa pelo serviço de urgências do Hospital de Anadia”.

Amigos, conhecidos e pessoas influentes na vida social do concelho, entre os quais destacamos João Dias Coimbra, comandante dos B.V.Anadia, Luísa Pais, Carlos Alegre, José Pereira Vinhal, Manuela Cardoso Pereira, Carlos Matos, Mário Alvim, Lopo de Freitas, Alexandrino Amorim e Manuel Silva que se uniram em uníssono contra o encerramento daquele serviço de urgências.

Estes foram apenas alguns dos anadienses que estiveram presentes no nascimento desta frente de contestação e na criação desta movimento cívico.

Tendo como material de suporte e de base ao manifesto um estudo elaborado pela equipa de enfermagem do Hospital Distrital de Anadia, ao qual foi adaptado um pequeno texto (ver quadro) está já a circular, pelas 15 freguesias do concelho de Anadia, desde a passada terça-feira, dia 24 de Outubro, as principais razões e argumentos para a manutenção daquele serviço.

Todos os que queiram, anadienses ou não, desde que interessados e preocupados com o encerramento das urgências hospitalares, em Anadia, podem procurar o manifesto e subscreve-lo em casas comerciais, empresas, organismos públicos e até em escolas.

“Enfim, procurámos colocar o manifesto em todos os sítios possíveis”, referiu Maria do Carmo Matos “por forma a que um maior número de pessoas o possa assinar, o que está a correr muito bem”, acrescentou.

Aliás, a receptividade ao manifesto tem sido grande e o movimento cívico está aí: “repare que são já as pessoas a vir ter connosco, a perguntar se podem levar para colegas e familiares assinarem e a perguntarem onde podem assinar”.

O manifesto, que deverá reunir alguns milhares de assinaturas (o maior número possível) vai seguir para o Ministério da Saúde, durante a próxima semana.

Refira-se que nas várias freguesias uma rede de colaboradores e amigos do Hospital está empenhado em fazer crescer esta lista de contestação o mais possível.

“Ela está na rua. Basta algum cuidado, procurá-la e assinar”, concluiu aquela responsável.

Assinar, porquê?

- Porque o encerramento do serviço de Urgências compromete a igualdade de acesso das populações aos serviços de saúde

- Porque a região é fortemente industrializada, cruzada por vias de comunicação movimentadas como são os casos do IC2 e A1, caminho de ferro e EN 235

- Porque se o encerramento dos SAP’s da região provocou um aumento significativo na procura do Serviço de Urgências do HDA, só podemos concluir que os HUC não são alternativos para a população

- Porque não existem ambulâncias em número suficiente e com pessoal treinado para dar resposta às necessidades da população

- Porque o custo de atendimento no serviço de Urgências, de acordo com a legislação publicada é de 50 euros e o mesmo doente nos HUC custa ao Estado, ou seja custa a todos, 143,50 euros, mais 93,50 euros por urgência ainda acrescido do custo de transporte

- Porque 92% das situações urgentes entradas no SU do HDA são lá resolvidas, não necessitando de transferência para outra unidade hospitalar mais diferenciada.

Catarina Cerca
Diário de Aveiro



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