O GOVERNO LANÇOU UMA CAMPANHA DE RECOLHA DE ARMAS

A violência dominou estas últimas semanas da chamada época tola ou como os políticos, comentadores e outros gostam de chamar, neste tempos de anglicismos, a "silly season".

Infelizmente, não posso, como o Governo, fingir que nada de muito grave se passa e que "está tudo controlado", pois meus familiares directos sofreram as agruras de uns gatunos que, a coberto da noite, esvaziaram o recheio da sua casa, mesmo com os donos em casa.

Com uma oposição de férias, outra em festa e resto envolvido em trapalhadas, é bem mais fácil ao governo descansar o povo pela televisão. Infelizmente, a pobre imaginação governativa não tem dado para mais que mega operações stop com muitos agentes, jornalistas e governantes envolvidos.

Está visto que têm andado a prender quem já devia estar dentro, ou quem nunca deveria ter sido solto. Direi, apesar de tudo, que mais vale tarde do que nunca, mas o governo não evita o sofrimento, o prejuízo e toda a violência que estes actos têm trazido.

Estas operações, na minha opinião, nem deviam ser mediatizadas, até porque esta malta dos assaltos fica a saber apenas que deve mudar de poiso por uns tempos e, depois da histeria mediática, voltar à rotina da violência.

O Governo lançou uma campanha de recolha de armas que diz ter sido um sucesso. Recolheu 6500 das 770 mil ilegais que se julgam em circulação (fantástico!). Em contrapartida, nos primeiros seis meses deste ano e segundo o Correio da Manhã, o Estado ganhou 4,2 milhões de euros em impostos de licenças de uso de armas. Entre 2006 e 2007, foram compradas 92 mil armas. A tendência é irreversível, pois o sentimento de impunidade que damos aos gatunos impele a este apelo à posse de armas.

Como se percebe, uma política coerente: legislação permissiva, desinvestimento na polícia, gestão economicista das prisões e cobrar nas licenças de armas. Resultado: mais crime.

António Granjeia*
Director do Jornal da Bairrada

Diário de Aveiro



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