COMÉRCIO TRADICIONAL DIZ QUE PERDEU “AJUDA” DO MERCADO SEMANAL

Ao segundo sábado da mudança do Mercado Municipal - e depois das queixas dos feirantes relacionadas com a redução dos espaços para as tendas - são os comerciantes do centro de Anadia que contestam a deslocalização do novo mercado. Críticas que o presidente da Câmara lamenta, mas que acredita se desvaneçam depois da intervenção no espaço do velho mercado.

"Parece que estamos numa cidade fantasma". O comentário ouvia-se, no centro da cidade, na manhã do passado sábado, nos cafés, nas pastelarias, nas lojas de pronto-a-vestira, nos talhos. A clientela de sábado fugiu e a culpa é da deslocalização do Mercado. "Porque não se fizeram obras no antigo mercado? As coisas já não estão boas para os comerciantes e agora vão ficar piores porque as pessoas vão para aquela zona, onde não há nada, não sai ninguém beneficiado, e ninguém pensou nos comerciantes", afirma Rui Silva, do Café Charlot.

A manhã de sábado, para muitos a melhor de toda a semana, passou a ser "parada" porque as pessoas deslocam-se para a zona do novo Mercado, junto ao Centro de Saúde de Anadia, e afastam-se do núcleo central da cidade.

"Um sábado era equivalente a três dias de semana e agora é o que vê, não há quase ninguém", diz António Gaspar, da Pastelaria Anadia - Arca Doce, há 38 anos proprietário de uma das mais antigas pastelarias. "Nas outras cidades pensa-se em obras que atraiam as pessoas aos centro, aqui é ao contrário. E além disto, o presidente ainda aprovou a instalação de uma grande superfície no centro. É mesmo para acabar com o comércio tradicional", lamenta Fernando Maia.

A esperança, diz Adelina Leitão, da loja de acessórios Biju Twins, "é que, ao menos, façam mesmo um grande parque de lazer no lugar do mercado velho para atrair pessoas a Anadia, porque não há cá nada".

Para Manuel Silva, um dos comerciantes mais antigos da cidade e membro da Associação Comercial e Industrial da Bairrada (ACIB), é notória a redução do movimento. A esperança é a de que, passada a curiosidade inicial, a clientela regresse ao centro. "Nota-se que a falta do mercado aqui tirou vida à cidade, espero que venha a normalizar e as pessoas voltem às lojas onde sempre compraram. Mas também tenho dúvidas que o investimento ali realizado se justifique, já que este tipo de comércio tem vindo a reduzir", afirma.

Tânia Moita

tania@jb.pt

Mercado Velho será demolido e integra requalificação da cidade

Às críticas do comércio tradicional, Litério Marques reage com alguma compreensão, mas com a certeza de que estas desaparecerão quando o velho mercado der lugar ao que está projectado para o local. Sem ter totalmente definido o projecto, o autarca garante que a área "é suficiente para uma zona verde, uma zona de serviços, até um estacionamento que pode ser subterrâneo", adianta.

"Criaremos ali um pólo de atracção para as pessoas, mas também mal seria se o comércio só se fizesse à custa da manhã de sábado", referindo que a mudança estava planeada há muito e que os comerciantes não lhe mostraram o desagrado.

Litério Marques adianta que o mercado velho, cujo projecto deve estar concluído antes do final do ano, integra toda a requalificação da cidade, nomeadamente a avenida do Cabecinho, onde será criado um parque infantil, junto à GNR, e, no prolongamento do novo mercado, um parque de estacionamento com capacidade para camiões, incluindo até balneários para os motoristas, No Montouro, serão criados passeios em toda a rua e, junto às piscinas existirá uma zona verde, com um circuito de manutenção e um lago, aproveitando uma nascente existente no local. Também na Rua Adriano Henriques estão a ser construídos passeios, tal como acontecerá em Sangalhos e Aguim.


Diário de Aveiro



Portal d'Aveiro - www.aveiro.co.pt