ANADIA ESTÁ DIVIDIDA

Na "guerra" que se trava no PSD Anadia e que coloca presidente da Câmara Municipal, Litério Marques, e José Manuel Ribeiro, presidente da Comissão Política local do partido, de costas voltadas e em total ruptura, também não existe consenso na posição assumida pelos presidentes de Junta.

Com 15 freguesias, Anadia está dividida entre os que apoiam incondicionalmente Litério Marques e aqueles que estão com a mudança preconizada por José Manuel Ribeiro.

JB ouviu, uma a uma, a opinião dos presidentes de Junta (à excepção do autarca de Óis do Bairro) quanto à "guerra" que se trava dentro do partido e quanto ao lado que cada um toma.

Com Litério. Declaradamente com o edil anadiense Litério Marques está Vitor Timóteo, autarca de Aguim e militante do PSD. Ciente de que ninguém é perfeito, reconhece no presidente de Câmara "um homem de trabalho e que está com o povo".

De igual forma, Leonildo Macedo, de S. Lourenço do Bairro, diz que o seu compromisso é com Litério Marques, que apoia incondicionalmente. Postura semelhante tem Joaquim Cruz, de Paredes do Bairro. O autarca diz que "tudo isto é muito mau para o partido. Não era necessário chegar a tanto".

Mário Heleno, de Vilarinho do Bairro, tem posição idêntica. Militante do PSD há muitos anos, diz estar do lado do presidente da Câmara, tal como acontece com António Duarte, autarca de Vila Nova de Monsarros. A JB, este diz só poder estar com Litério Marques, até porque fazia parte da famosa lista dos 186 militantes recusados pela Concelhia do PSD. "Como vê, não poderia de forma alguma estar com os outros que não me aceitaram no partido", salientou o autarca.

O único presidente de Junta eleito pelo PS, José Maria Ribeiro, de Mogofores, sem papas na língua, admite que a "guerra" do PSD não é sua mas que está solidário com Litério Marques. Por quê? Porque entende que o edil "não merecia o que lhe estão a fazer." Da mesma opinião é Armando Pereira, de Avelãs de Cima. Sendo o presidente de Junta com mais mandatos no concelho, diz-se apoiante incondicional de Litério Marques até porque "travaram a minha admissão no PSD".

No silêncio. Na onda dos indecisos ou daqueles que preferem não dar (por ora) uma posição declarada está o autarca de Ancas, Arménio Cerca. A JB confessa que, neste momento, tem um compromisso com a população da freguesia de Ancas mas "é com esta Câmara que terei de trabalhar até ao final do mandato."

Já António Andrade, autarca da Moita, remete-se a um silêncio mais profundo, garantindo apenas que se vier a recandidatar-se o fará nas listas do PSD.

Quem também não abre o jogo é o autarca de Tamengos, que se remete quase a um silêncio sepulcral. Instado a pronunciar-se, apenas avança que estará do lado do candidato do PSD, assim como diz estar disponível, caso surja o convite, para se recandidatar à Junta, pelo PSD. César Andrade, de Avelãs de Caminho, também não se abre e prefere guardar para si o que pensa. Para já, diz que apoia o candidato que o PSD apresentar às eleições, tal como o autarca de Amoreira da Gândara, Joaquim Cosme.

A favor de José Manuel Ribeiro. O autarca de Sangalhos, Sérgio Aidos, é o único que admite de forma frontal apoiar José Manuel Ribeiro. Defensor do consenso e da pacificação, reconhece que Litério Marques merecia sair pela porta grande, pelo que fez por Anadia, contudo reconhece que chegou a altura da mudança e de novo sangue a dirigir os destinos do concelho.

Na mesma linha, mas mais contido, Fernando Fernandes, autarca de Arcos, avança "respeitar as decisões tomadas por quem me deu visibilidade autárquica, ou seja, o PSD", sublinhando fazer parte da Comissão Política liderada por José Manuel Ribeiro.

Catarina Cerca

catarina@jb.pt
Diário de Aveiro



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