À 14ª sessão, o processo Face Oculta abordou as famosas listas de prendas que o empresário Manuel Godinho fazia distribuir por altura do Natal e que o Ministério Público considerou em vários casos relevantes como tendo sido por troca de favorecimentos.

O advogado de José Penedos, ex-presidente da REN, um dos principais arguidos, quis saber qual o critério da Polícia Judiciária para resumir a metade os nomes constantes de documentos apreendidos.

"As testemunhas vem aqui prestar esclarecimentos e eu quis esclarecer com o senhor inspetor para tentar perceber porque há diferenças entre as listas originárias apreendidas e a lista da Judiciária. Uma tem mais nomes e outra menos. Um dos critérios aqui discutidos era ser ou não ser personalidade política. Não sei se isso o torna um processo político. Ainda é cedo para tirar conclusões”.

Rui Patrício aludiu à existência de “pelo menos” duas personalidades políticas que figuravam no ano de 2003 e depois acabam por não constar na compilação resumida a metade.

Seria outro advogado, João Folque, que defende o ex-quadro da REFER Carlos Vasconcelos, a apontar as figuras em causa: Marques Mendes e Hermínio Loureiro, do PSD.

“Agarrei-me aos nomes conhecidos. Quis causar brado para ver se avivava a memória e se nos dizia porque razão escolheu uns e não outros”.

Rui Carvalho confirmou uma listagem mais restrita dos destinatários de presentes com valor a partir dos 50 euros que fossem funcionários e altos responsáveis de empresas estatais,  assim como detentores de cargos públicos.

“Não eram suspeitos apenas por constar da lista, era um dos elementos de trabalho, a investigação estava a começar”, explicitou Rui Carvalho, justificando a opção tomada com base em critérios de “relevância”, mas que não concretizou com o pormenor que alguns advogados de defesa pretenderam.

Na listagem da PJ, aparecem outras figuras do PS como José Sócrates, Jorge Coelho e Armando Vara, mas só este último acabou por ser acusado.