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01-04-2003

O Quebra cabeças das festas religiosas populares


Pluralidade

O Quebra cabeças das festas religiosas populares António Marcelino* Trata-se por certo, de um dos problemas pastorais, o das festas, mais difíceis de resolver, com respeito e coerência. A festa faz parte da vida e tem em si um valor social e cultural importante. Recordo sempre, quando vem ao caso, aquele homem bom que me falava com entusiasmo da festa anual da sua terra e me dizia que, durante uma semana à noite, porque de dia o trabalho não esperava, se encontrava toda a povoação, novos e menos novos, para se divertirem ao toque de uma concertina. “Toda a semana?” perguntei eu, como que a insinuar que eram talvez dias a mais de arraial e de folguedo. “São as nossas férias e olhe que nos fazem bem a todos” Assim ouvi, com muita seriedade da parte de quem dizia. E eu concordei. Nas nossas terras a dimensão popular da festa, com a convivência das famílias, a participação de todos na preparação, o acolhimento caloroso de fora, o costume de enfeita com flores e verdura as ruas e as casas, a banda de música, sem a qual a festa não era festa, a missa cantada por todos e a procissão, “como não há outra aqui nas redondezas”, praticamente perdeu-se ou está a perder-se. Agora, nas festas à moderna, a família toda, mal se encontra; a ornamentação das ruas, sempre igual, sem gosto nem novidade, está a cargo dos enfeitadores de norte, a banda desapareceu ou foi abalada por conjuntos ruidosos,; os cantores vindos de fora, uma novidade que os contratadores souberam explorar, pouco cantam anedotas sujas para alegrar parolos, mas pagam-se como artistas de renome; as cantadeiras, meio despidas, também elas importadas, disfarçam a pobreza da voz e das canções, com trejeitos ao sabor da plebe. A procissão é negociada no seu trajecto para que os visitados paguem mais e, a missa que não demore muito para não prejudicar a quermesse... Esta narração fica aquém da realidade de muitas terras por esse país fora, embora não falte quem se empenhe para que as festas se façam com a dignidade e a seriedade que merecem. Como se chegou aqui? Mas não são se as festas, religiosas, ao mesmo tempo que populares? Não há para que as festas respeitem e exprimam a sua dimensão cristã, educando também o povo? Comecei por dizer que as festas eram um quebra cabeça e aí vai, a meu ver, a razão principal. As festas dão trabalho e responsabilidades, provocam reacções no povo, são ocasião de tensões, emulações e bairrismo, há normas a cumprir e muita gente não se quer meter nisso. Isto dá ocasião muitas vezes a que apareça na organização gente alheia à igreja, sem sensibilidade cristã, a gostar de dar nas vistas e de mostrar poder, disposta a passar por cima de tudo e de todos, para que se possa dizer que “a festa deste ano foi muito melhor que a do ano passado...” Por outro lado, o povo, por vezes, entra no jogo, dá mais “se vier tal artista, se a procissão for à minha rua, se os foguetes forem tantos que façam inveja à terra vizinha...” E como quem manda é o dinheiro... Vimo-nos empenhado, e vejo que igual esforço se faz noutras dioceses, para que as festas tenham uma verdadeira tónica religiosa e o santo festejado não seja um apêndice necessário para que o povo dê, se entenda que a dimensão cristã não é obstáculo à alegria e ao convívio do povo; que o sentido familiar e social seja possível; que haja moderação nas despesas e se veja como ajudar necessidades reais da paróquia e das pessoas que pela influência de empresários de conjuntos e cantadores, o povo não seja colonizado, nem destruída a riqueza das suas tradições e da sua cultura, bem a sua maneira de sentir e de viver as coisas que lhes dizem respeito. Não dizemos que habitantes alheios à vida da paróquia não possam colaborar. mas não é normal que eles cheguem e se arvorem em donos das festas e imponham critérios que lhes são alheios. Para recuperar, o povo cristão tem uma palavra e deve dizê-la. *Bispo de Aveiro (23 Mai / 17:04)

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