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23-06-2004

Do dia D até hoje


Editorial

As eleições europeias fizeram-me adiar por duas semanas a alusão a um tema muito importante na história contemporânea europeia - o Dia D.
Fizeram, no passado dia 6 de Junho, 60 anos sobre o dia da grande invasão, que abriu caminho à vitória das forças aliadas e à reconquista da liberdade no velho continente. Um dia antes, das comemorações, faleceu um antigo Presidente dos Estados Unidos da América, Ronal Reagan. Reagan, quando se deslocou à Normandia, em 6 de Junho de 1984, leu um discurso que hoje vale a pena recordar.: "Todos nós sabemos que há algumas coisas pelas quais vale a pena morrer. Vale a pena morrer pelo nosso país e vale a pena morrer pela democracia, porque é a forma mais honrada de Governo criada pelo homem. Todos vocês amavam a liberdade e todos queriam lutar contra a tirania".
Muito mudou desde 1944 no mundo. Muito se alterou desde que Reagan discursou perante os veteranos, em 1984. Em 2004, no mesmo dia 6 de Junho, a comemorar a mesma invasão aliada, a recordar os mesmos mortos, a defender a mesma liberdade, na mesma terra normanda pudemos ver, lado a lado, os chefes máximos das potências beligerantes de então. Assistimos portanto, 60 anos depois, à primeira comemoração, da vitória aliada por americanos e franceses com a presença de Vladimir Putin, da Rússia e do chanceler alemão, Gerhard Schroeder. É, de facto, um sinal surpreendente para todos os europeus depois da derrota dos piores “ismos” que o velho continente conseguiu gerar: o nazismo e o comunismo.
E é aqui que vale a pena atentar nas palavras de Ronal Reagan que citei no início. Gostemos ou não da forma de agir e estar dos americanos, a verdade é que foram eles que ajudaram a derrotar os piores males, materializados em formas de Governo, que a Europa conheceu. Sem a sua intervenção não teria sido possível parar os alemães e, sem a mediação decidida e determinada de Ronald Reagan não teria caído, muito de podre é certo, o sistema comunista opressor da Europa de leste. Com os americanos sempre houve aliados europeus fundamentais: a resistência francesa personalizada por Jean Moulin ou o primeiro-ministro Sir Winston Churchill, na 2ª guerra mundial; o actual Papa João Paulo II que ajudou imenso na derrota do comunismo e na recuperação democrática do leste europeu.
Mas se até ao derrube do muro de Berlim e ao colapso dos comunismos a Europa tinha inimigos comuns, estratégias de defesa coerentes e interesses convergentes, desde que essa ameaça de desfez, a mesma unidade parece que implodiu. Isso fica, claro, também nos discursos de 6 de Junho de 2004. Apesar da “eterna gratidão francesa” à “aliada de sempre americana” percebe-se que o presidente Francês Chirac, e de acordo com os alemães, tem estratégias alternativas. Isso é um problema. O progresso e a paz na Europa têm-se devido à aliança americana. Não a podemos pôr em causa por glórias de poder efémero, mas também não deveremos deixar que os “cowboys” andem a cavalo por onde querem. A questão renasce quando Jaques Chirac se refere "às novas ameaças" que nos devem manter juntos e próximos. Mas será que estamos todos, dos dois lados do Atlântico, a falar do mesmo, como estivemos até ao final da era Reagan? A ameaça à paz e a certeza do eixo atlântico ter objectivos comuns permitiu a Ronald Reagan, em 1987, frente à Porta de Brandeburgo, em Berlim, desafiar directamente Gorbachev quando, cara a cara e em público lhe disse: «Se quer a paz, a prosperidade e a liberalização dos mercados para o seu País e para a Europa Ocidental venha a esta porta, mas venha para deitar este muro abaixo».
Nas relações entre os países precisamos, como sempre, de diálogo, bom senso e alguma imaginação dos nossos líderes para ultrapassar divergências e identificarmos as principais ameaças e não de alguns discursos eivados de duplos sentidos e portanto perigosos porque inconsequentes. Essa foi a verdadeira diferença entre líderes como Churchil ou Reagan que apesar de todos os seus defeitos, tinham ideias e um rumo claro na sua cabeça, mas acima de tudo, acreditavam no que estavam a fazer.


António Granjeia*

*Administrador do Jornal da Bairrada

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