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31-08-2004

O Balanço


Editorial

Às vezes, quando escrevo estas poucas linhas todas as semanas, sou surpreendido com notícias, pequenos relatos ou outros factos que me condicionam e me obrigam a escrever novamente estes editoriais, pelo que vi ou ouvi na véspera. Foi o que aconteceu ontem.
Anunciado no telejornal da RTP1, foi um programa balanço sobre a nossa participação nos Jogos Olímpicos que agora terminaram. Fiquei curioso e como me interesso pelo tema, vi todo o programa. Em primeiro lugar, também acho que a participação portuguesa foi globalmente positiva e estão de parabéns os atletas que representaram as nossas cores maioritariamente nas modalidades individuais ou semi- individuais.
Mais uma vez foi evidenciada naquele programa a força de vontade, a determinação, o espírito de sacrifício dos nossos atletas das modalidades pobres deste País e que, com o seu brio e vontade de vencer, fazem crescer o nosso orgulho português. Não fiquei espantado nem boquiaberto com a espontânea franqueza e optimismo vencedor da Vanessa Fernandes, com o portuguesa gratidão e a humildade de Obiquelo, com a raça de Rui Silva ou Sérgio Paulinho porque simplesmente conheço muitos atletas que, não chegando tão alto, têm o mesmo sentir. Só esta forma positiva de estar no desporto e na vida pode dar campeões, mesmo que não ganhem ou alcancem medalhas olímpicas. Aliás, os portugueses não podem exigir medalhas nem vitórias porque pura e simplesmente, sabem que o Estado não investe nestes atletas o que devia.
As federações nacionais são cada vez mais centralizadoras desprovidas de recursos, o apoio aos clubes pequenos que fazem os campeões, é uma miragem, os investimentos em recintos desportivos são quase sempre feitos à medida dos calendários eleitorais e não existe um programa de contratação de técnicos desportivos, mesmo que estejamos a formar centenas para o desemprego todos os anos.
Espero que o espectador se tenha apercebido que estes atletas não têm uma vida fácil e que treinam normalmente sempre mais do que 4 a 5 horas diárias. Fazem-no sempre bem dispostos, são normalmente bons alunos e organizados e, por regra, não têm grandes condições de treino. Estes deviam ser os nossos heróis porque temos, à partida, a certeza de que, mesmo que não ganhem, vão ser excelentes portugueses na sua vida futura.
Mas a verdadeira medida do nosso desporto apareceu na 3ª parte do programa. Mais uma vez, passou-se um terço do programa a discutir o futebol nacional e sua actuação em Atenas. O dirigente federativo presente, passado o choque da péssima actuação da equipa, já só procurava arranjar justificações subjectivas para o fracasso e, pior do que tudo, para a indisciplina e pouco desportivismo demonstrado.
Infelizmente, estas coisas ficam objectivamente sem consequências, levando-nos a pensar que a campanha futebolística passará impune apenas com a “clarividente” medida de trocar um treinador.
Sobre o futebol fiquei ontem esclarecido quando soube que gastámos milhões em estádios, que não podem ter pistas de atletismo porque a FIFA não deixa. Também fiquei esclarecido quando percebi que só tínhamos aqueles “desgraçados” jogadores desmotivados e sem ritmo competitivo numa federação que têm o maior número de atletas do País. Que diabo, arranjavam um quantos miúdos que gostam de jogar futebol, proporcionavam-lhes jogos competitivos, um bom treinador, gastavam muito menos dinheiro e garanto que faziam melhor figura. Não teriam concerteza a pressão dos telemóveis.
Que País somos que permite gastar fortunas em 10 estádios (só eram necessários 6) e, ainda por cima, não os equipamos com pistas de atletismo e infra-estruturas adjacentes para as outras modalidades. Somos ricos, por acaso?
Que País desportivo queremos ser quando praticamente acabaram com os centros de medicina desportiva? Temos apenas um centro de alto-rendimento, ou não damos destino aos jovens que formamos nas nossas universidades de desporto.
Que País somos que sustentamos o desporto de massas e formação em carolas e técnicos com pouca formação e o desporto profissional em sujeitos ávidos de fama e sabe-se lá de quê ?
Sempre ouvi dizer que a pior miséria é a falta de cabeça, mas desta pobreza somos todos culpados porque não corremos com os que não têm visão e querem apenas manter o estado das coisas.
Os nossos atletas das modalidades amadoras (nas quais se inclui o futebol da formação) têm o direito à indignação. Deviam fazer um protesto nacional contra este estado de gestão desportiva mesquinha, bacoca e sem ambição.

António Granjeia*
*Administrador do Jornal da Bairrada

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