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12-11-2004

Inverno demográfico preocupante


Opinião

Já não há sítio onde se reflicta sobre a realidade que nos toca, onde não se ouçam preocupações sobre a baixa da natalidade que se regista entre nós.

A uma professora que me dizia que a sua escola poderia fechar em breve por falta de alunos, perguntei-lhe, com certo à vontade, quantos filhos tinha ela. "Os tempos estão maus. Um, e não sei se virei a ter mais!" Mas não levou a mal a minha pergunta.

É verdade que, no contexto em que vivemos e dado o rumo que leva a nossa sociedade, são fracos os estímulos à procriação. Apesar disso, em igual situação e com os mesmos problemas, vemos casais que, corajosamente, decidem ir além do filho único.

Sei bem que a decisão é de cada casal e há que respeitá-la. Mas também sei que as opções importantes da vida têm sempre, por detrás de si, motivações que determinam o seu rumo. Por vezes, motivações pouco consistentes.

Merecem-nos grande respeito, nunca menos que as outras, as famílias numerosas que têm coragem de romper com ideias feitas, semeadas por aí a criar opinião contrária à natalidade ou a chamar loucos aos casais que ultrapassam os mínimos.

Multiplicam-se os métodos para impedir a gravidez e não falta gente erudita a explicá-los de todas as maneiras. Pouco se faz para ajudar a vencer o ameaçador "inverno demográfico" que se instalou entre nós, com indiscutíveis e graves consequências para o presente e o futuro.

Não é exagero dizer que, quando se toca nestes problemas, nos apercebemos que se vai disseminando, por vezes mais às claras que às escondidas, uma cultura de morte. A dificuldade de ter filhos, em muitos casos real, vai cedendo ao desamor, ao horizonte fechado e sem sonhos, ao encontrar razões que andam à volta de que "um filho é uma grande responsabilidade", que "já com um filho a vida muda muito e tem de haver cedências a coisas que dão muito prazer", que o "futuro é muito incerto e vai ser penoso para as crianças". E muito mais se diz, porque, a quem não está convencido do que diz, nunca faltaram razões para calar a voz incómoda da consciência.

Não há maior pobreza para um casal que não ter filhos quando os pode ter, ainda que para isso tenha de sacrificar muita coisa. A realização do casal, como a felicidade conjugal, não andam separadas da alegria impar de ser pai e mãe. Os filhos serão sempre a maior riqueza que não se troca por coisa nenhuma do mundo. Só a generosidade de quem transmite a vida é compensada de mil maneiras.

Por outro lado, dar continuidade à obra do Criador, constitui um dever social indispensável, que deve merecer o maior apoio tanto do Estado, como dos cidadãos em geral. Onde estão as perspectivas de futuro para um povo sem crianças? A quem interessa o progresso económico se não serve as pessoas? Onde uma vida, com graça e esperança, sem o sorriso e o bulício das crianças?

Muitos países já acordaram. Até a China luta agora pelo segundo filho. Estava proibido ao casal ter mais que um filho. Os nórdicos dão prémios para estimular a natalidade.

Entre nós penalizam-se os casais com filhos, multiplicam-se campanhas do aborto, a comunicação social favorece a cultura da morte, os casais com três ou mais filhos são considerados inconscientes e até na maternidade se ri da mãe que faz o quarto parto?

O que torna a vida saborosa e estimulante é o amor. Mas o amor corre riscos de morte sem a experiência permanente, renovadora e única, da paternidade e da abertura à vida.

António Marcelino*

*Bispo de Aveiro


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