domingo, 2 de Novembro de 2025  02:44
PESQUISAR 
LÍNGUA  

Portal D'Aveiro

Publicidade Prescrição eletrónica (PEM), Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica (MCDT), Gestão de Clínicas Publicidade

Inovanet


RECEITA SUGESTÃO

Ovos no Forno

Ovos no Forno

Coza os ovos em água temperada com sal, durante 10 minutos. Ao mesmo tempo, prepare os espinafres com queijo. ...
» ver mais receitas


NOTÍCIAS

imprimir resumo
10-01-2006

A estratégia agrícola portuguesa alterou-se radicalmente


Editorial - Toda a atenção é pouca

A última semana fez aparecer um problema que não imaginava possível neste Portugal democrático.

Desta vez, anuncia-se uma maior penalização para as terras de cultivo abandonadas. Aparentemente, a ideia não parece errada, pois favorece quem não despreza a terra e a protege, cultivando-a e tratando-a, seja para o seu próprio sustento, seja para seu rendimento.

Não é uma ideia inovadora, nem sequer em Portugal (leis das sesmarias 1375, 26 de Maio, Rei D. Fernando), pois já os nossos antepassados reis o fizeram (e não era uma coima - era um castigo). Infelizmente, da necessidade de colonização do interior da nação e do efectivo progresso da lavouro, ao tempo dos nossos ancestrais, à mera fobia pela fácil receita dos nossos actuais governantes, vai uma distância descomunal. Apenas se pensa na receita e de como arrecadá-la rapidamente e não na necessária sustentabilidade da agricultura ou na fixação das populações na actividade que nos dá de comer.

Depois da entrada na CEE, a estratégia agrícola portuguesa alterou-se radicalmente para se adaptar à conveniência dos excedentários franceses. Passaram a pagar o abandono das culturas e sua substituição por outras, para as quais não havia, nem a adequada formação nem a suficiente motivação. Fomentaram a não produção de leite, promoveu-se o levantamento de culturas, mas não se criaram alternativas que valorizassem as terras sacrificadas.

Por isso, é estranha esta lei, até perversa. Parece fazer parte do final dum plano maquiavélico de alteração da propriedade em Portugal. Se muita terra está indevidamente abandonada por incúria e desleixo dos proprietários, a maioria está por responsabilidade da política agrária portuguesa nas últimas décadas e pelo êxodo forçado das populações para as cidades.

Por isso, deveremos desconfiar desta lei e combatê-la sem quartel.

Se conjugarmos este decreto com as taxas imorais e abjectas que as novas avaliações resultantes da aplicação do IMI (imposto municipal sobre imóveis), e que começamos agora a sentir pelos valores quase obscenos que teremos de pagar, talvez se perceba a cuidadosa preparação dum surdo e perigoso ataque à posse dos bens no nosso País. Não sou bruxo nem profeta, mas parece-me que pelo menos vale a pena reflectir sobre este ponto de vista com uma perspectiva de longo prazo. A propriedade é sagrada e um dos bens mais importantes de cada um de nós. O que conquistámos ao longo dos anos serve de reserva para uma aflição na vida a para uma oportunidade de negócio mais galharda. Era assim com os pinhais se bem se lembram. Ao invés de provocarem a mudança de mãos da propriedade para fins naturalmente imobiliários e obscuros, (que é o que vai acontecer), o estado deveria criar condições de acesso aos terrenos, investir na defesa da floresta, avançar na rega das regiões interiores e quentes, proporcionar a alteração de cultivos menos adequados por outros mais rentáveis ou por pastorícia. A isto chama-se investir e aproveitar o dinheiro dos contribuintes. Lançar impostos obtusos e avulsos chama-se delapidar e, em alguns casos, até roubar.

É um dos temas, que pela sua importância, seria bom que os candidatos presidenciais tratassem na campanha eleitoral. Este é um tema estrutural para a vida da Nação. Aguardemos se têm coragem.

António Granjeia*
*Administrador do Jornal da Bairrada


ACESSO

» Webmail
» Definir como página inicial

Publicidade

TEMPO EM AVEIRO


Inovanet
INOVAgest ®