domingo, 2 de Novembro de 2025  07:56
PESQUISAR 
LÍNGUA  

Portal D'Aveiro

Publicidade Prescrição eletrónica (PEM), Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica (MCDT), Gestão de Clínicas Publicidade

Inovanet


RECEITA SUGESTÃO

Ovos no Forno

Ovos no Forno

Coza os ovos em água temperada com sal, durante 10 minutos. Ao mesmo tempo, prepare os espinafres com queijo. ...
» ver mais receitas


NOTÍCIAS

imprimir resumo
05-07-2006

Os edifícios transformar-se-ão num montão de ruínas


Cerâmica Rocha - Museu de Olaria e Grês da Bairrada? Que Futuro?

Através do Jornal de Notícias de 12 de Abril, alguém, com sensibilidade para a preservação do nosso património cultural, denunciou publicamente que os edifícios da Cerâmica ameaçavam ruir.

Só depois desta chamada de atenção e após ter sido alertado na Assembleia Municipal, é que o Sr. presidente da câmara mandou proceder a uma vistoria ao estado de conservação dos edifícios da Cerâmica Rocha. A comissão, nomeada para o efeito, reconheceu a necessidade urgente de se proceder a trabalhos de segurança, de modo a evitar a derrocada da referida Cerâmica.

Ora, isto só acontece, pelo facto do executivo camarário, ter revelado, mais uma vez, uma enorme incultura e falta de sensibilidade no que respeita à preservação do nosso património, neste caso, do nosso património industrial, que também faz parte da nossa memória colectiva. E, a corroborar essa reconhecida falta de sensibilidade, o senhor presidente da Câmara mandou anular os concursos que estavam em curso.

Se esses concursos não tivessem sido anulados, o dinheiro que transitou em saldo da gerência de 2005 para 2006, no montante de 624.358,96 Euros, seria suficiente para recuperar o edifício onde funcionaram os serviços administrativos da Cerâmica. Nele seria instalado todo o acervo museológico que foi recuperado, depois de devidamente classificado e digitalizado. Assim, com uma boa gestão, este edifício estaria concluído no primeiro semestre de 2007.

Segundo programação prevista pelo anterior executivo, a recuperação do edifício, propriamente dito da Cerâmica, devia iniciar-se em fins de 2006, de modo faseado, e com a respectiva programação financeira. Assim, o Museu de Olaria e Grés da Bairrada estaria concluído em 2010.

Mas o senhor presidente da câmara entendeu abandonar os projectos e acabou por desperdiçar o esforço realizado, bem como o investimento já feito.

Ao que parece, talvez tenha tido receio de o acusarem de ir «a reboque». Penso, no entanto, que atitudes como esta são próprias de quem não sabe que a gestão camarária não se faz para mandatos, mas, sim, para as gerações futuras, pois são elas também depositárias desse património que urge defender.

Diz também o Sr. presidente da câmara que a recuperação ainda não tem calendário porque «existem outras oportunidades».

Espero que o próximo Inverno não seja muito rigoroso, porque, se isso acontecer, a «oportunidade» terá passado e os edifícios transformar-se-ão num montão de ruínas.

Nessa altura, o Sr. presidente da câmara, com o apoio de alguns autarcas do seu partido e outros eventuais “adesivos políticos”, proporá a venda do terreno, sobrepondo à defesa histórica do património a frieza de um qualquer negócio mais ou menos lucrativo.

Como disse Ramalho Ortigão, “o desaparecimento de um edifício com valor histórico e com uma arquitectura da época, que as pessoas conhecem de pequenas e de pequenas se habituaram a amar, é como a amputação dolorida e saudosa do seu próprio ser. Parece que um misterioso instinto de conservação e de aperfeiçoamento moral da espécie sugere a cada homem que - como se lê na Sagrada Escritura - as obras realizadas pelos antepassados são o engrandecimento da nossa glória e a perpectuação do nosso nome.”

Resta-me mais uma vez fazer um novo apelo ao Sr. Presidente da Assembleia Municipal, Sr. Engenheiro Dias Cardoso, cidadão que se encontra sentimentalmente ligado àqueles edifícios e que apoiou com entusiasmo a sua aquisição, com vista a serem recuperados e neles se instalar o Museu de Olaria e Grés da Bairrada, para que exerça a sua influência a fim de evitar que não se cometa mais um erro histórico a que o seu nome ficará também ligado.

E como continuo a pensar que a maior riqueza de um povo reside na sua história, escrita nas várias vertentes do seu património cultural, reservo-me o direito de, enquanto cidadão do meu concelho, pugnar para que esse património seja respeitado.

Acílio Gala*
* (Ex- Presidente da Câmara)


ACESSO

» Webmail
» Definir como página inicial

Publicidade

TEMPO EM AVEIRO


Inovanet
INOVAgest ®