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19-07-2006

Criou-se no espírito de milhões de americanos


Crónica da América - Bomba atómica instrumento de prestígio e poder

Por qualquer instinto que domina o meu quer que seja, sinto que possuo um bocado de espírito de contradição. Ou pelo menos, não vejo as coisas pelo mesmo prisma de alguns dos chamados líderes mundiais. Olhando o alarido que estão fazendo os maiorais do nosso lado ocidental, acerca do teste de mísseis, pelo ditadorzinho da Coreia do Norte, acho que é tudo barulho a mais e lógica a menos. Felizmente, o nosso Presidente Bush tomou uma atitude mais pacata e menos agressiva do que aquando do caso do Iraque. Claro, aí, era uma coisa que estava já planeada e, depois, em vez de caçar o Bin Laden até o encontrar, começou a chamar ao Sadam Hussein, o homem mais perigoso do mundo e arredores. E o Bin Laden continuou a rir-se da nossa ingenuidade, nas montanhas do Paquistão.

Criou-se no espírito de milhões de americanos a impressão de que fora o Sadam que veio incendiar as torres de Nova York. E ainda há milhões de americanos ingénuos, que consideram Sadam, o chefe do terrorismo mundial. Quando afinal, fomos nós, com a nossa presença no Iraque, que atraímos lá os milhares de terroristas e fanáticos suicidas que agora estão tornando a vida cara àquela pobre gente. No tempo de Sadam não havia no Iraque terroristas, que ele, dava-lhes cabo da pele.

Contudo, neste caso do Coreia do Norte, o sr. Bush, escaldado com a infeliz experiência do Iraque, tomou uma atitude muito mais sensata, absolutamente ao contrário do alarmismo incendiário que precedeu a invasão do Iraque. Que, vendo as coisas pela lógica oficial, o ditador coreano é muito mais perigoso do que Sadam Hussein. Ele possui bombas atómicas e mísseis para as transportar. E, enquanto nós esperámos dias e dias para mandar o nosso veículo para o espaço, ele lançou uma série de sete mísseis simultaneamente.

Contrariamente às propagandas oficiais, eu, com o meu espírito de copntradição, acho que as bombas atómicas, por tão perigosas que são, não são mais uma ameaça, mas um instrumento de prestígio e de poder. Uma certidão de idoneidade. O homem da Coreia do Norte provou que possui tecnologia e know how, igual às nações possuidoras de armas nucleares. Agora mandar para o espaço notícias sem nexo, como as “meninas da Fox”, a cacarejar notícias alarmantes, como galinhas assustadas, como se estivéssemos em vésperas de um ataque atómico contra a Califórnia ou o Alaska, é ridículo e quase criminoso. Há pessoas ingénuas que ficam mesmo alarmadas e não dormem a pensar no pior.

Estou convencido que o ditador coreano, para além da vanglória e do culto da personalidade, é suficientemente inteligente, para não querer o seu país completamente arrasado, com uma chuva de bombas made in USA. E depois, quem é que ele ia atacar e porquê ? Estou convicto de que a posse da bomba atómica, instila nas nações que a possuem, o instinto de preservação e de responsabilidade. E tudo o que o homenzinho norte coreano quer, é um cartão de membro do Clube Atómico, e nada mais. Por isso, é que ele anda, há anos, a querer falar directamente com o presidente americano, mas Washington, por uma questão de orgulho, tem-no dado ao desprezo, e isso acicatou ainda mais o brio patriótico do líder norte-coreano. E, agora, que ele possui as credenciais em dia para entrar no clube atómico, o melhor que há a fazer é conceder-lhe o cartão de membro, igual ao que foi dado à Índia e ao Paquistão, estabelecer relações comerciais e culturais com a Coreia do Norte, como fizemos com o Vietname e outros antigos inimigos, e viver em paz, e sem fumos de imperialismo.

A nossa Condoleza, coitada, lá diz aquilo que lhe dizem para dizer, e nem ata nem desata, porque o mau caçador de perdizes, é quem manda na caserna.

Os Estados Unidos e a Rússia possuem no seu arsenal, armas atómicas para matar todos os seres humanos à face da terra, umas poucas de vezes. Não são centenas, são milhares de bombas. Por causa da bombas condenamos a Índia ao ostracismo por duas décadas, até nos convencermos que a Índia era uma nação responsável, que não ia atirar, à toa, bombas atómicas para casa dos vizinhos. A comprovar a nossa teoria, as relações entre a Índia e o Paquistão melhoraram, depois que ambos os países deram entrada no Clube Atómico. Todas estas manigâncias da política do poder, por vezes causam-me arrepios. Provavelmente, os meus genes ou a minha idade já não toleram essas flostrias.

Gostaria de estar lá em cima, na estacão espacial, como os astronautas, só para ver as tristes formigas que nós somos, rabiando à face deste minúsculo pedaço de chão, e meditar sobre as lutas, ódios e desavenças, nacionalismos, bandeiras, religiões, e fanatismos, que dividem este dramático filho de Adão, que ainda não encontrou o caminho para ser feliz.

Manuel Calado*

*Jornalista nos EUA


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