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28-02-2007

Governar é muitas vezes tomar decisões difíceis


Editorial - Governar a saúde

“Governar é coordenar os esforços dispersos dos agentes sociais introduzindo mecanismos que estimulem o bom funcionamento do todo. Desgovernar é inventar formas subtis ou grosseiras de controlar as acções individuais a pretexto de promover o bem comum. É inibir o aguilhão empreendedor dos cidadãos.” Alberto Oliva - Filósofo

Governar é muitas vezes tomar decisões difíceis, impopulares, em nome do bem comum. Demasiadas vezes os governantes preocupam-se mais em gerir o resultado de próximas eleições ou sua própria carreira do que resolver os problemas do povo que juraram servir.

A actuação do ministro da saúde, Correia de Campos, na (des)interessante novela que tem sido o fecho das urgências e outros serviços de saúde ilustra bem a diferença entre governar e fazer má política.

O ministro, escudado num estudo que não revelou atempadamente, decidiu fechar 15 serviços de urgência. Já o tinha feito com as maternidades e com alguns centros de saúde.

Nenhum português, provido do normal senso comum e a pensar com mais de um neurónio, para não citar o mediático José Mourinho, percebe e entende que a racionalização dos meios e o controlo dos custos são uma tarefa do governante. Gerir bem os recursos faz parte das tarefas incumbidas ao governo pelo nosso voto e pago mensalmente pelo contribuinte no ordenado do ministro. É aceitável que se altere o mapa de urgências, mediante a transformação demográfica do país, desde que se explique às populações o porquê e a fundamentação clara das decisões. Mesmo baixando o nível de serviço, é possível manter um mínimo aceitável que não deixe a sensação de desamparo e de que se tratou apenas de uma medida economicista e sem qualquer respeito por aqueles que normalmente já sofrem os custos da interioridade.

A titubeante actuação do governante enfraqueceu a posição inicial do governo, descredibilizou o estudo e abriu espaço à justa contestação na rua. A imagem de dureza, competência e de insubmissão a qualquer poder ou grupo de pressão que o ministro sempre desejou passar, por exemplo na guerra com as farmácias, caiu agora por incapacidade de gestão política da situação. Receio até que não seja apenas ineficácia política mas o prenúncio da cedência a interesses políticos que são o primeiro patamar para a cedência a outros poderes ou interesse. Das quinze cidades onde se previam fechar serviços de urgência, o ministro, após o diálogo com as CM e com o eufemismo de trocar o nome de serviço de urgência por consultas não programadas, já só vai fechar 8. E, se houver mais umas manifestações, acaba por não encerrar nenhum. A grande reforma transformou-se numa reforma linguística e quanto à razão de fundo nunca consentida, a economicista, se calhar com os serviços de transporte VMER ainda vai ficar mais caro. Se tivesse começado pelo diálogo e não pela ignorante sabedoria do Terreiro do Paço, este assunto já estava resolvido com o apoio das populações.

Não sei se o ministro foi importar estas ideias reformistas nalgum país europeu ou compêndio de gestão internacional. Mas se o foi, o genial Eça de Queiroz, traçava-lhe o perfil na sua prosa mordaz das farpas:

"Aqui em Portugal importa-se tudo. Leis, ideias, filosofias, teorias, assuntos, estéticas, ciência, estilo, indústrias, modas, maneiras, pilhérias, tudo nos vem em caixotes pelo paquete. A civilização custa-nos caríssima, com os direitos de alfândega; e é em segunda mão, não foi feita para nós, fica-nos curta nas mangas."

António Granjeia*
Admnistrador do Jornal da Bairrada


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