A apreensão dos equipamentos foi hoje confirmada à Lusa por fonte da CCDRC.

A extracção de areias, que estava a ser feita numa zona da Rede Natura 2000, foi justificada pelo presidente da Junta de Freguesia, Manuel Bugalho, que preside também à Associação Boa Hora, detentora do empreendimento, como forma de financiar o centro social, por não terem sido concedidos os apoios públicos prometidos.

Em declarações ao jornal local "O Ponto", o presidente da Câmara, Rui Cruz, afirmou na altura compreender que a instituição particular de solidariedade social recorresse à exploração das areias, para resolver os problemas financeiros.

O Centro Social da Boa Hora foi começado a construir há cerca de três anos, em terrenos cedidos pela Câmara de Vagos na zona florestal e desde então tem vindo a ser feita a extracção intensiva de inertes, por uma empresa de Santa Maria da Feira, que entrega à associação uma percentagem do valor das areias.

Atendendo ao fim social da obra, a Câmara de Vagos cedeu o terreno e aprovou a construção, que chegou a ter verbas inscritas em PIDDAC, mas a então ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, inviabilizou a concretização da comparticipação pública.

Esse motivo foi invocado pelo presidente da associação e da Junta, Manuel Bugalho, para iniciar a exploração de areias no local, que tem continuado mesmo já depois da primeira fase do Centro Social ser inaugurada por Fernando Negrão, na altura ministro da tutela.

A extracção intensiva de inertes levou ao desaparecimento de uma duna no local, originando uma enorme cratera.

Testemunhas oculares disseram à Lusa que as máquinas apreendidas "chegaram a trabalhar na água", atingindo o lençol freático, com o auxílio de bombagem e que "saíram dali centenas de camiões carregados, que passavam na povoação de dia e de noite".

Populares que habitam nas imediações relatam também que o "buraco" tem sido preenchido com "entulho de toda a espécie".