A salvaguarda da Pateira de Fermentelos foi debatida, na passada quarta-feira, na Assembleia da República (AR). O problema foi discutido em reunião plenária, em seguimento de uma petição, com mais de cinco mil subscritores, apresentada em 2005, por Gil Nadais, na altura candidato à autarquia aguedense. Os vários grupos parlamentares assumiram que este é um problema preocupante, mas a resolução não reuniu consenso.

Para Jorge Morgado, do PSD, e Horácio Antunes, do PS, a solução passa por "apresentar uma candidatura ao QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional)" e pelo programa POLIS". Para o deputado do PS a dragagem é uma "necessidade concreta", que custará entre cinco e 10 milhões de euros. Mas o que mais se ouviu na AR foram críticas "ao pacifismo do Governo" e à "falta de medidas concretas". Manuel Tiago do PCP foi mais longe e mostrou-se indignado por todos os deputados intervenientes acarinharem os peticionários e, no entanto, "há duas semanas, PS, PSD e CDS/PP votaram contra o pedido do partido comunista, para uma verba que permitia ao Governo avançar já nesta situação".

Para Alda Macedo (BE), a existência de habitats para espécies protegidas e, para Madeira Lopes (Verdes) a caça desportiva e os desportos náuticos num património natural, agravam ainda mais a situação. O deputado assumiu ter ficado sem saber o que realmente o Governo quer fazer neste caso.

Uma vergonha. Quem também não percebeu as intenções do Governo foram os presidentes de junta de freguesia, que envolvem a Pateira. Para os autarcas, o que se passou na AR "foi uma vergonha", já que esperavam que fossem apresentadas soluções concretas. Fernando Pires, presidente da junta de freguesia de Óis da Ribeira, manifestou-se indignado pelo PS, CDS/PP e PSD não aprovarem a proposta do PCP, que pretendia a atribuição de 500 mil euros para a Pateira, abrindo assim a rubrica que daria início à tão desejada dragagem. Amílcar Lemos Dias esperava que alguma coisa fosse decidida, como por exemplo a atribuição de uma verba em PIDAC (Plano de Investimento da Administração Central).

Quem não partilha da opinião dos presidentes de junta é Gil Nadais. "O que se passou na AR, foi o final de um processo. A petição fez com que houvesse um levantamento hidrotopográfico do fundo da Patereira. Já vai haver um Polis ligado à Ria de Aveiro e o ordenamento das margens já estão programadas". Em declarações ao JB, o presidente da câmara considera que "o assunto está como nunca esteve" e se "os presidentes de junta pensam que o problema é só carregar num botão e já está resolvido, então já devia estar tudo resolvido há muito tempo".

Salomé Castanheira

estagiária